sexta-feira, 30 de março de 2007

Para acompanhar...

http://microbdaveiro.blogspot.com/index.html

O rosto da notícia

"Não acha que as histórias com pessoas ajudam a perceber os problemas mais gerais?

Não, isso é uma tendência nova, e odeio-a. Está-se a fazer uma pessoalização mesmo das histórias noticiosas. Faz-se uma história porque uma militar americana se casou com um capitão no Iraque e deixaram a família em Chicago. Faz-se uma história sobre pessoas, e não se diz nada sobre o Iraque. Um jornalista vai ao Iraque e escreve sobre uma família iraquiana porque a história dessa família explica coisas sobre o país e é uma forma de mais gente ler sobre o Iraque.É um erro, é um erro. Quer fazer uma história sobre os sem-abrigo em Lisboa? Muito bem. Pega-se numa rapariga e diz-se "o nome dela é Manuela, tem 25 anos, a mãe morreu por isto, o pai bebia". O que é que isso interessa? Contar muitas histórias individuais nunca me conta a verdadeira história. O meu objectivo em Perpignan é mostrar o verdadeiro mundo, e se hoje precisamos de histórias individuais para compreender o mundo, então, desculpem, mas somos estúpidos. Interessam-me os sem-abrigo, mas não me interessa esta Manuela. Interessa-me a sida em África, mas não me interessa o Mohammed que vive no Sudão e lá lá lá. São problemas globais, e está-se a tentar ver o mundo de uma perspectiva pequena. Não sei se viu o trabalho de Kadir [Van Lohuizen, que é também júri do Prémio Fotojornalismo Visão/BES] sobre diamantes. Ele mostra-nos a história de um diamante desde a Serra Leoa até aos grandes joalheiros em Londres. É uma história linda e não é pessoalizada. O que eu digo é que como não sabem como mostrar uma coisa fazem retratos. Isso não me interessa. "

Excerto do Público 30.03.2007, Entrevista de Alexandra Prado Coelho a Jean-François Leroy.

Taj Mahal


"Em Julho de 1959, o vice-presidente americano, Richard Nixon, viajou até Moscovo para inaugurar uma exposição onde se exibiam conquistas tecnológicas e materiais do seu país. O ponto alto da exposição era uma réplica à escala natural de uma casa de um trabalhador americano: vinha equipada com alcatifas à medida, uma televisão na sala, duas casas de banho nos quartos, aquecimento central e uma cozinha com uma máquina de lavar, um secador de roupa e um frigorífico.

Ao noticiar a exposição, a inflamada imprensa soviética negava escarniçadamente que um trabalhador médio americano pudesse viver em semelhante luxo e alertava os leitores para o facto de toda aquela casa ser uma deplorável peça de propaganda - depois de a ter baptizado, ironicamente, como "Taj Mahal".

Enquanto Nixon conduzia Nikita Khruschev pela exposição, o líder soviético dava mostras do seu cepticismo. À entrada da cozinha da casa modelo, Khruschev reparou num espremedor de limões eléctrico e observou a Nixon que ninguém no seu perfeito juízo estaria interessado em adquirir uma "bugiganga tão tola".

"Tudo o que faça com que as mulheres trabalhem menos tem de ser útil", respondeu Nixon.

"Nós não vemos as mulheres em termos de trabalho como vocês no sistema capitalista", retrucou Khruschev, iracundo.

Mais tarde nessa noite, Nixon foi convidado a fazer uma declaração na televisão soviética e aproveitou a ocasião para discursar sobre as vantagens do modelo americano. Arguto, não quis iniciair o seu discurso com referências à democracia e aos direitos humanos; começou por falar em dinheiro e no progresso material. Nixon explicou que ao longo das últimas centenas de anos os países ocidentais tinham, através da livre empresa e da indústria, conseguido superar a probreza e a fome que existira até meados do século XVIII - e que continuava a grassar em muitas partes do mundo. O povo americano possuía 56 milhões de televisores e 143 milhões de rádios, anunciou ele aos espectadores soviéticos, muitos dos quais não tinham sequer acesso a uma casa de banho ou a uma caldeira. Cerca de 31 milhões de famílias haviam comprado casa própria. Uma família média americana podia comprar 9 fatos e vestidos e 14 pares de sapatos por ano. Nos Estados Unidos, uma pessoa podia comprar uma casa em mil estilos arquitectónicos diferentes. A maioria destas casas era maior do que um estúdio de televisão. Khruschev, sentado a seu lado, estava visivelmente furioso, cerrando os punhos e repetindo, "Nyet, nyet!" - e acrescentado entre dentes, segundo um relato de um circunstante, "Eb'tvoyu babushky" (Vai foder a tua avó)."

# de "Status Ansiedade", de Alain de Button

quarta-feira, 28 de março de 2007

Pátria Minha

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...

Vinicius de Moraes."

mais aqui

http://cavernavinicius.blogspot.com/

terça-feira, 27 de março de 2007

A Primavera prossegue

Com outras palavras

O discurso ruinoso do Inverno.


Luís Falcão
[Pétalas Negras Ardem Nos Teus Olhos]

Elbe Brigde I

Rolf Nesch - 1932

segunda-feira, 26 de março de 2007

o Borra Botas

Conheci um Homem que há 20 anos resolveu ler a biografia de Salazar, escrita por Franco Nogueira, durante uma viagem ao estrangeiro. O interesse pela leitura dessa obra não se devia a comunhão de ideias com o ditador, antes pelo contrário, mas sim no interesse em conhecer melhor a nossa história e evitar os erros que foram cometidos no passado. Nessa altura, se esse Homem se sentasse num café a ler esses livros (vários volumes) seria intitulado de fascista, mas hoje tudo mudou, ou será que não?
Em vez de tentarmos apagar o passado e escondê-lo dos que não o viveram, deveríamos falar mais sobre ele, e explicar não apenas pela via política, o que se passou e como se (sobre)vivia, caso contrário temos um novo D. Sebastião.

sábado, 24 de março de 2007




"As imagens são mais reais do que alguma vez se imaginou. E é precisamente por serem um recurso ilimitado (que a dissipação consumista não pode esgotar) que há muito mais razões para que se lhes administre um tratamento que permita conservá-las. A existir uma forma de melhor integrar o mundo das imagens no mundo real, ela passará necessariamente por uma ecologia, não só das coisas reais, mas também das imagens."

Susan Sontag in Ensaios sobre Fotografia (Dom Quixote, 1986)

retirado do Blog Playtime (http://esteticaestc.blogspot.com/)

quinta-feira, 22 de março de 2007

Lisboetas

Lisboetas é um documentário político sobre a vaga de imigração que nos últimos anos mudou Portugal.
Lisboetas é o retrato de um momento único em que o país e a cidade entraram num processo de transformação irreversível.
Lisboetas é um filme que rejeita o habitual tratamento jornalístico e aborda a experiência humana dos imigrantes da grande Lisboa de um ponto de vista cinematográfico.
Lisboetas é uma janela secreta sobre novas realidades: modos de vida, mercado de trabalho, direitos, cultos religiosos, identidades. É uma viagem a uma cidade desconhecida, a lugares onde nunca fomos e que estão aqui.
Lisboetas é um retrato por dentro. A palavra é dada aos recém chegados. Talvez por isso, como escreveu a crítica do “Público” Kathleen Gomes, “os estrangeiros aqui somos nós”.
Lisboetas não é um filme dogmático, mas é um filme incómodo e que deixa muitas questões em aberto - por que é difícil avaliar o quanto tudo mudou e ainda pode mudar. "sinopse RTP"
Um documentário de Sérgio Tréfaut.

Amanhã Sexta 23 de Março - 23:30 na RTP 2

Etiquetas:

quarta-feira, 21 de março de 2007

Sergio Leone vs Arcade Fire

O filme é Once upon a time in the West e a música My Body is a Cage!

terça-feira, 20 de março de 2007

Basta fazer algo...




"Dez Coisas A Fazer" foi o alerta lançado pelo Oceanário para ajudar a combater o aquecimento global:

01 - Mudar uma lâmpada - substituir uma lâmpada normal por uma lâmpada florescente poupa 68 kg de carbono por ano;

02 - Conduzir menos - caminhar, andar de bicicleta, partilhar o carro ou usar os transportes públicos com mais frequência. Poupará 0,5 kg de dióxido de carbono por cada 1,5 km que não conduzir!

03 - Reciclar mais - pode poupar 1000 kg de dióxido de carbono por ano reciclando apenas metade do seu desperdício caseiro;

04 - Verificar os pneus - manter os pneus do carro devidamente calibrados pode melhorar o consumo de combustível em mais de 3 %. Cada 4 litros de combustível poupado retira 9 kg de dióxido de carbono da atmosfera!

05 - Usar menos água quente - aquecer a água consome imensa energia. Usar menos água quente instalando um chuveiro de baixa pressão poupará 160 kg de CO2 por ano e lavar a roupa em água fria ou morna poupa 230 kg por ano;

06 - Evitar produtos com muita embalagem - pode poupar 545 kg de dióxido de carbono se reduzir o lixo em 10 %;

07 - Ajustar o termostato - acertar o termostato apenas dois graus para baixo no Inverno e dois graus para cima no Verão pode poupar cerca de 900 kg de dióxido de carbono por ano;

08 - Plantar uma árvore - uma única árvore absorve uma tonelada de dióxido de carbono durante a sua vida;

09 - Seja parte da solução - aprenda mais e torne-se activo em www.climatecrisis.net

10 - Espalhe a mensagem! - incentive os amigos a ver " Uma Verdade Inconveniente"




segunda-feira, 19 de março de 2007

10 minuta

Etiquetas:

Livro da experiência


Ouvi hoje na rádio falar sobre este livro. E ouvir falar de António Ramos Rosa, um poeta que desconhecia.
"O que a vida me ensinou" reúne 34 depoimentos recolhidos por Valdemar Cruz originalmente publicados no semanário Expresso em dois momentos distintos: Capa da «Revista» a 9 de Novembro de 2002 e, semanalmente, na «Única», entre Janeiro e Agosto de 2005.
Mais aqui

quinta-feira, 15 de março de 2007

Pushkar is my lake of lakes and the pigeons are my life

Plano simples???

quarta-feira, 14 de março de 2007

Peace, at last






Robert Bell, Paul Buchanan and Paul Joseph Moore são os Blue Nile

O Bom Pastor



Matt Damon é extraordinário, em o Bom Pastor (de Robert De Niro).

Profissão Reporter


Para mim e para muita gente, este filme é uma obra prima do cinema! O filme vale pela história, pelos actores mas sobretudo pela beleza das suas imagens e planos. Disso são exemplo, os planos de jack nicholson de braços abertos em cima do teleférico, o plano de maria schneider no descapotável, os planos do terraço da casa milá e os dois planos finais (o primeiro para mim quase o simétrico do plano inicial do Psyco de A. Hitchcock e o segundo um autêntico quadro).

terça-feira, 13 de março de 2007

Stromboli


Gordon Parks
Ingrid Bergman at Stromboli
1949

Etiquetas:

segunda-feira, 12 de março de 2007

Que tal este cartaz?


quinta-feira, 8 de março de 2007

3 Realizadores e 1 Actor

terça-feira, 6 de março de 2007

Não obstante a censura ainda existe...

quinta-feira, 1 de março de 2007

Finalmente Parabéns


I always say that I've been in a bad mood for maybe 35 years now. I try to lighten it up, but that's what comes out when you get me on camera. Martin Scorsese